quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A CONFISSÃO DE FÉ BATISTA (2)




5.    Nós podemos ser movidos e compelidos pelo testemunho da Igreja de Deus a um alto e reverente apreço pela Escritura Sagrada; e a sublimidade do assunto, a eficácia da sua doutrina, a majestade do estilo, a concordância de todas as partes, o escopo do seu todo (o que é dar toda a glória a Deus), a plena revelação que faz do único caminho da salvação do homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e sua completa perfeição, assim, não obstante,  a nossa plena persuasão e certeza de sua verdade infalível e autoridade Divina provêm da operação interna do Espírito Santo, testemunhando por meio da fé e com a Palavra em nossos corações.
João 16:13,14; 1 Coríntios 1:10-12; 1 João 21:20,27)

6. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a Sua própria glória, a salvação do homem, fé e vida, ou é expressamente declarado ou necessariamente contido na Escritura Sagrada, ao que nada, em qualquer tempo deve ser acrescentado, seja por novas revelações do Espírito, ou por tradições humanas. No entanto, nós reconhecemos a iluminação interior do Espírito de Deus sendo necessário para a compreensão salvífica das coisas reveladas na Palavra; e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto a Deus e ao governo da igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais devem ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência Cristã, segundo as regras gerais da Palavra, que devem ser sempre observadas.
2 Timóteo 3:15-17; Gálatas 1:8,9; João 6:45; 1 Coríntios 2:9-12; 1 Coríntios 11:13-14; 1 Coríntios 14:26,40.

7.    Nem todas as coisas em si mesmas são igualmente claras na Escritura, nem igualmente claras a todos; ainda assim, aquelas coisas que necessitam ser conhecidas, cridas, e observadas, para a salvação, são tão claramente propostas e desveladas em algum ou outro lugar da Escritura, de forma que não apenas os doutos, mas os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas.
2 Pedro 3:16; Salmo 19:7; Salmo 119:130.

8.    O Antigo Testamento em Hebraico (que era a língua nativa do povo de Deus no passado), e o Novo Testamento em grego (que, na época em que foi escrito, era mais comumente conhecido entre as nações), sendo imediatamente inspirados por Deus e pelo Seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos, assim, em todas as controvérsias sobre a Religião, a igreja deve apelar para eles. Mas, porque essas línguas originais não são conhecidas por todo povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras, e é ordenado, no temor de Deus, ao lê-las e a examiná-las, portanto, elas devem ser traduzidas para a língua comum de cada povo aonde chegar, para que, a Palavra de Deus habitando abundantemente em todos, eles possam adorá-Lo de uma maneira aceitável, e pela paciência e consolação das Escrituras, possam ter esperança.
Romanos 3:2; Isaías 8:20; Atos 15:15; João 5:39; 1 Coríntios 14:6,9, 11,12, 24,28.

9.    A regra infalível de interpretação da Escritura é a própria Escritura; e, portanto, quando houver uma questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer Escritura (que não é múltiplo, mas único), esse pode ser investigado por meio de outros textos que o expressem mais claramente.
2 Pedro 1:20,21; Atos 15:15,16.

O DEUS QUE CRIA O MAL – TRANSFORMANDO O MAL EM BEM (3)




“Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (ISAIAS 45:7)
TRANSFORMANDO O MAL EM BEM.
        Caro leitor, todos os santos sabem por experiência que Deus transforma o mal em bem. A comovente história de José abre esse cenário de injustiça e perversidade, para mostrar o que Deus faz em favor dos Seus santos. O que Deus fez foi deixar que os irmãos de José tomassem a decisão de seus perversos corações. Não fosse a graça de Deus, eis que José teria sido destruído pela fúria daqueles homens obcecados pelo ciúme e inveja. Do nosso ponto de vista foi um ato de perverso de Deus deixar que aquele moço fosse vendido e arrancado violentamente da companhia segura do seu pai. Mas Deus age com sabedoria e guiou José para o Egito como um embaixador do céu para o meio de um povo idólatra. Se José ficasse em Canaã, quão inútil ele seria, mas Deus criou o mal para que Seus planos gloriosos e cheios de Sua compaixão fossem executados.
        Também, posso ir mais longe para afirmar aqui que Deus criou o mal tendo em vista o bem do próprio Jacó. Depois da morte de Raquel a notícia da “morte” de José foi o mais duro golpe sofrido pelo velho patriarca. Mas ali estava chorando, com o coração dilacerado de dor, um homem que deu golpe nos outros, ludibriou seu irmão, mentiu para seu pai e agora eis que tem seus filhos agindo de forma ainda mais terrível contra ele. O Deus de justiça estava ali e Ele não poupa Seus escolhidos; a escola da graça é prática e somente os que creem podem participar dessas aulas. Mas Deus, através das duras provas, estava mostrando a Jacó que Seu reino era assim, de justiça e de juízo; que Seus santos são afligidos aqui, a fim de se tornarem fortes e puros. Naquele momento Deus retirou todo amparo e consolo, permitindo que Jacó realmente chorasse lamentasse com intensa dor a perda de um filho querido. A morte chegou à casa de Jacó e mostrou sua face cruel, apagando toda felicidade natural e despejando tristeza, angústia, saudade, lamento e muito sofrimento a um coração de um pai amoroso.
        Meu amado leitor, o mal que Deus cria, tendo em vista o bem do Seu povo, na realidade não é o mal, mas sim o bem visto no santuário. Realmente, o mal é visto como mal do nosso ponto de vista, mas na realidade é o fogo da santidade vindo para queimar tudo o que a natureza rebelde sempre considerou melhor do que Deus. O mal é a vara da correção do Senhor, para que sintamos Seus golpes de amor, fazendo com que aproximemo-nos do Seu amor e apeguemo-nos a Ele; O mal é na verdade Sua espada cortando nosso amor aquilo que passa, que é superficial e que tende ser usado por nós como se fosse nosso maior tesouro. Deus permite que Seu povo habite em escuridão, para que dê valor à luz da revelação bíblica; Ele faz com que vejamos o mundo como é, maligno e desprezível, a fim de que amemos a ressurreição e apeguemo-nos às riquezas eternas que hão de vir.
        Então caro leitor, se você é um crente, lembre-se que o mal criado por Deus para o crente é um verdadeiro tesouro de bênção em sua vida; é um professor implacável, mas que tem em vista nos tornar maduros e cheios de fé. O mal criado por Deus tendo em vista o bem dos santos, normalmente resulta em louvor, glória, santidade, pureza, adoração, amor genuíno e verdadeira fé. Por incrível que pareça, na casa de Potifar José estava mais seguro do que na companhia de seus irmãos. Que bendita presença de Deus! Quão maravilhoso é ser participante dessa escola da graça!
        Então, o momento agora é para que levantemo-nos triunfantes, pois o Senhor nos ama e jamais deixará de nos amar, mesmo que estejamos passando pelo vale da sombra da morte aqui nesta vida passageira.

TODOS DEBAIXO DO PECADO – Ignorância de Deus (5).




 “Não há quem entenda...” (Romanos 3:11)
IGNORÂNCIA DE DEUS
        Amado leitor, uma vez que o pecado arrancou os homens da atmosfera santa e cheia de comunhão da glória de Deus, eis que eles nada podem entender do próprio Deus. O pecado desfaz a visão de Deus e tudo é visto adiante como se Deus não existisse (Salmo 14:1); o pecado torna o ambiente visível apenas naquilo que é aparente e os homens passam a agir na esfera animalesca, nada vendo, nada entendendo e nada buscando, a não ser naquilo que é daqui, conforme veem, sentem e tocam. O que passa além se torna loucura para o homem no pecado (1 Coríntios 2:14). Então, o estilo de vida do homem no pecado é um verdadeiro suicídio espiritual, mesmo sendo um viver cheio de bondade e de felicidade aqui.
        O pecado anula a visão da glória de Deus em Sua onipotência, por isso os homens saem em seus pecados desafiando a Deus, acreditando que Ele não está presente e que nada pode fazer. Mesmo os efeitos dominadores e escravizadores do pecado são entendidos por eles como algo normal e não como imediata punição; seus corações endurecidos ficam adormecidos e inchados de orgulho e vaidade, sem perceber que estão algemados, enlaçados e prontos para serem ceifados pela morte a qualquer instante. Os atos pecaminosos dos homens os levam a sentir bem consigo mesmos e até podem se exaltar como se estivessem cercados de liberdade para viverem como querem; mas eles não sabem que estão sendo empurrados para a morte, a não ser que a compaixão de Deus os visite para trazê-los ao arrependimento e a fé em Cristo Jesus.
        Também, o pecado anula a visão da onipresença de Deus. Foi assim com Davi, pois ao dar ouvidos às suas paixões, eis que imediatamente foi cercado pelo orgulho e pelo sentimento de seus direitos como homem e como rei. Quando tomou o rumo do adultério tudo o que queria era satisfazer suas paixões; naquele momento o pecado lhe enfeitiçou todo ser e passou a dizer-lhe no íntimo que aquele ato era sua real felicidade; que pertencia a ele o direito de possuir aquela bela mulher; o pecado lhe elevou ao direito de achar-se como um deus, por essa razão não havia nenhuma divindade, a não ser ele mesmo – Davi. Então amigo, veja bem que quando Davi entrou para possuir uma mulher alheia, eis que a presença poderosa e onipresente do Senhor em nada lhe afetou; naquele momento um homem que sempre temia a Deus, imediatamente perdeu o temor; naquele momento ele mesmo passou a desafiar a onipresença; ao fechar a porta para ficar sozinho com ela, eis que o pecado lhe enganou, ao pensar que Deus estava fora, que seu ato sujo e vil não estava sendo visto nem odiado.
        Também, o pecado anula o temor da onisciência de Deus. Todo planejamento para a maldade começa anulando essa presença de um Deus que tudo vê e que tudo sabe. No pecado o homem se fecha interiormente, tornando-se duro e obstinado contra Deus; nada há de luz em sua consciência, porque ele quer apagar toda revelação. As motivações de Acabe eram totalmente encobertas e nem mesmo um rei tão piedoso como Josafá podia entender as intenções perversas daquele ímpio rei. Por que Acabe viveu cercado de falsos mestres? Por que queria sim que seus objetivos egoístas e perversos fossem alcançados. Quando Elias trouxe a luz da verdade e mostrou suas intenções malignas, revelando assim o fato que Deus conhecia todas as disposições ocultas de seu coração, eis que Acabe imediatamente entrou numa transitória manifestação de humilhação (1 Reis 21).
        Caro leitor, que o Senhor hoje venha despertar seu coração para essas verdades! Que você fique conhecendo o fato que a atmosfera do pecado não é brincadeira, que é algo aterrorizante e que por isso a Ira do Senhor está acesa contra todos aqueles que vivem em desobediência a Ele e ainda recusando cair em pranto aos pés do Salvador.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A CONFISSÃO DE FÉ BATISTA (1)



(compilado por Spurgeon)
Capítulo 1: Das Sagradas Escrituras.
        1.     A Santa Escritura é a única, suficiente, correta e infalível regra de todo conhecimento, fé e obediência salvíficos, embora a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, a ponto de tornar os homens indesculpáveis, ainda assim, não são suficientes para oferecer aquele conhecimento de Deus e de Sua vontade, que é necessário para a salvação. Portanto, aprouve ao Senhor, em diversas ocasiões, e de muitas maneiras, revelar-Se, e declarar a Sua vontade para a Sua Igreja; e, posteriormente, para melhor preservação e propagação da verdade, e para o mais seguro estabelecimento e consolo da igreja contra a corrupção da carne e da malícia de Satanás e do mundo, concedeu a mesma completamente por escrito; o que faz da Sagrada Escritura indispensável; aqueles antigos modos de Deus revelar a Sua vontade ao Seu povo agora estão completados.
1 Timóteo 3:15-27; Isaías 8:20; Lucas 16:29,31; Efésios 2:20; Romanos 1:19-21; 2:14-15; Salmos 19:1-3; Hebreus 1:1; Provérbios 22:19-21; Romanos 15:4; 2 Pedro 1:19, 20.

2.     Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Antigo e do Novo Testamento, que são estes?
DO ANTIGO TESTAMENTO: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.
DO NOVO TESTAMENTO:     Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos, Romanos, 1 Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito, Filemon, Hebreus, Tiago, 1 Pedro, 2 Pedro, 1 João, 2 João, 3 João, Judas e Apocalipses.
Todos os quais são dados por inspiração de Deus, para ser nossa absoluta regra de fé. 2 Timóteo 3:16.

3.     Os Livros comumente chamados apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do cânon ou regra da Escritura, e, portanto, não são de autoridade na igreja de Deus nem de modo algum podem ser aproveitados ou empregados, senão como escritos meramente humanos. Lucas 24:27,44; Romanos 3:2.

4. A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (que é a própria verdade), o seu Autor; portanto, deve ser recebida, porque é a Palavra de Deus. 2 Pedro 1:19-21; 2 Tessalonicenses 2:13; 1 João 5:9.

TODOS DEBAIXO DO PECADO – Ignorância de Deus (4).




 “Não há quem entenda...” (Romanos 3:11)
IGNORÂNCIA DE DEUS
        O que a Bíblia quer dizer quando afirma que todos pecaram e que estão destituídos da glória de Deus? A resposta é clara que é justamente porque estão longe da glória de Deus que os homens no pecado não entendem: “Não há quem entenda”. Tal assunto merece nossas mais sérias considerações. O homem não foi criado para pecar, mas sim para usufruir da glória de Deus, entender as maravilhas de Deus e viver nessa radiante felicidade, conforme vemos na criação e também entendemos acerca de Deus e de Seus santos propósitos. Mas com a entrada do pecado eis que tudo mudou, pois agora vemos os homens atirados em plena escuridão espiritual e desfrutando apenas daquilo que envolve esse viver terreno e tão passageiro.
        Sendo assim atirados na atmosfera do pecado, eis que os homens nada entendem da glória de Deus na criação. Eles propositalmente excluem Deus da criação, mesmo vendo todas as maravilhas e a assinatura de Seu poder e da Sua divindade em cada partícula dessa criação. No pecado os homens querem roubar para si a glória que pertence exclusivamente e eles fazem isso tentando apagar todo vestígio dessa glória e criando para eles mesmos uma divindade diferente, feita por suas próprias mãos. Quando isso não ocorre, eis que eles usam inteligência para que todos fixem a atenção neles e não no criador. É essa lição que vemos em Romanos cap. 1 a partir do verso 18. E não importa se eles são cultos ou ignorantes, todos estão na mesma condição, porquanto cercados de tanta beleza e arte dos milagres de Deus, mesmo assim são corrompidos, porque nada veem para levar-lhes a dar graças a Deus.
        Os homens no pecado nada entendem, por isso eles são arrogantes e tratam a criação como pertencente a eles e reclamam isso para eles.Tudo isso é visto nas atividades comuns dos homens, pois nada entendendo da glória de Deus, eles não agradecem a Deus pela comida, pela bebida, pela chuva, pelo ar, pelos seus corpos, saúde e habilidades, e outros detalhes importantes com os quais Deus cercou os homens mostrando-lhes Sua bondade. Somente os crentes podem adorar a Deus pela criação; os santos são verdadeiros sacerdotes neste mundo, por isso podem cantar louvores ao Senhor, celebrar Seu Nome vendo fixada Sua glória no céu e na terra.
        Sendo assim, podemos afirmar que os homens no pecado vivem tentando roubar a Deus. É claro que eles nada conseguem mexer nos mínimos detalhes da criação e estão sob as ameaças de todas as coisas, as quais estão subordinadas ao Criador. Quando homens são salvos por Cristo, eis que seus olhos são abertos e eles passam a vislumbrar as maravilhas de Deus na criação. Os salvos são introduzidos no território da verdade, a graça lhes ensina e eles passam a ser bênçãos na criação, bem como bons administradores dos bens de Deus. Não é maravilhoso? Paulo em Romanos 3:23 afirma que todos pecaram e que estão destituídos da glória de Deus. Mas na mesma carta, no cap. 5 verso o apóstolo fala acerca daqueles que foram justificados mediante a fé em Cristo, que agora eles se gloriam na esperança da glória de Deus!
        Meu caro amigo, tudo o que vemos aqui na terra e aquilo que nossos olhos tão finitos podem contemplar da beleza e da arte da criação de Deus, eis que é apenas algo tão minúsculo quando comparado com aquilo que aguardam os crentes na eternidade. Se os homens ignoram as maravilhas do Senhor aqui, quão cegos eles realmente são! Um dia todo esse cenário de beleza da criação de Deus será apagado, pois a morte chegará para levar o pobre pecador para o lugar de tormento eterno. Se agora as maravilhas da sabedoria, do poder e da bondade de Deus não são vistas como um caminho para o conhecimento do Salvador enviado do céu para salvar perdidos, então, o que será do destino eterno dessas almas?